Luíza, o Canadá e a Decadência da Televisão

Honestamente, estamos em uma era de decadência na qualidade das programações de TV. A recente alteração do Regulamento dos Serviços de Radiodifusão, assinada pela presidente Dilma, já não ajuda a reverter a situação:
http://dilma13.blogspot.com/2012/01/governo-define-novas-regras-para-o.html
Para que as emissoras possam seguir as novas regras impostas, desencadearão uma queda ainda maior na qualidade da programação televisiva. A rigidez com que aprovam a criação de novas emissoras e obrigatoriedade de padrão na composição de sua programação serve somente para que o governo obtenha um maior controle sobre a mídia, que influencia milhões de pessoas em todo o país.
Resta-nos a internet, que ainda é relativamente livre, apesar de o governo dos Estados Unidos estar criando leis contra a pirataria que comprometem a liberdade de expressão na internet. A diferença é que grandes empresas como a Google e a Wikipedia protestaram contra a aprovação dos decretos chamados PIPA e SOPA, considerados inapropriados por conterem leis vagas e abertas a interpretação, podendo comprometer a liberdade na internet. Diversos sites ficaram fora do ar em protesto.
A criação de leis vagas no Brasil é, no entanto, aceita pacificamente. Pouco se falou sobre o assunto. A população brasileira parece não perceber que a baixa qualidade de seu entretenimento televisivo e que está para cair ainda mais.
A reportagem de mais de 3 minutos e meio no Jornal Hoje, da Globo, sobre a Luíza, é um exemplo dessa decadência. A reportagem, que ovaciona uma celebridade relâmpago da internet como se ela tivesse realizado algo importante, é uma irresponsabilidade. A televisão, especialmente os programas jornalísticos, é o meio de comunicação que atinge mais eficazmente a população brasileira, influenciando seu comportamento. Ao tratar uma piada de internet como um assunto importante a ser apresentado por um Jornal respeitado, a Globo passa a mensagem a milhões de brasileiros de que eles devem dar atenção a fatos como esse, enquanto leis absurdas que limitam a liberdade de expressão são criadas e aprovadas, e pouco se fala delas.
A internet difunde informações de todos os níveis, desde as mais sérias e importantes às porcarias mais estúpidas. É, portanto, uma fonte de informações menos confiável. A televisão é geralmente mais rígida em relações às informações passadas, o que faz com que as pessoas a levem a sério, gerando uma forte responsabilidade para as emissoras: a de passar informações seguras e de relevância à população. Quando se mostra, porém, celebridades relâmpago que ganharam a fama através de uma piada (que, diga-se de passagem, só é engraçada na internet) como se ela tivesse algum talento ou estivesse relacionada a algum grande feito, se destrói a seriedade desse meio de comunicação. Se é pela audiência, ou pela piada, eu sinto muitíssimo pelos brasileiros que incentivaram esse tipo de reportagem. Esses realmente merecem a programação de baixíssima qualidade que estão recebendo.