A manipulação de massa existe em todas as culturas. O idealismo anarquista, socialista, comunista e qualquer ista que se adicione à lista são utopias, ilusões criadas para mascarar outro modelo de manipulação. O ser humano precisa controlar e ser controlado, está nas entranhas de sua mais instintiva natureza. Se um indivíduo, portanto, tiver a falsa impressão de que tem controle de alguma coisa, ele fica satisfeito, pacífico.
O que muda é a forma de manipulação. Essa evolui com a cultura de um determinado lugar.
A cultura brasileira é, portanto, fraca e sem identidade.
Exagerei? Vejamos…
As culturas norte-americanas, européias, e até mesmo as asiáticas são tão mais fortes que a brasileira, que a população exige muito mais qualidade das produções da indústria cultural, resultando em ótimos filmes, peças, músicas, programas de TV, obras de arte, entre outros. Enquanto a população brasileira pede tão pouco em troca da sua manipulação, que resulta em produções de baixa qualidade, clichês, apelação sexual e humor de baixo calão.
Não pretendo, de maneira alguma, generalizar. Há, no Brasil, belíssimas obras de expressão cultural, assim como há, lá fora, um grande número de lixo cultural. A diferença na quantidade, porém, é grande. Existem muito mais pessoas escolarizadas nos Estados Unidos, na Europa, na China, no Japão, do que no Brasil. Sem contar outros muitos lugares, só estou destacando os mais conhecidos. Essas pessoas com alto nível de escolaridade exigem muito mais para seu entretenimento. O japoneses inovam constantemente em tecnologia, os ingleses desenvolvem comédias de humor culto, preservam obras milenares por meio de filmes e produções teatrais. Os americanos, ainda que criem milhares de clichês todos os anos, produzem, aqui e ali, muitos filmes alternativos que, mesmo sendo minoria dentro do país, são mais numerosos que todas as produções brasileiras.
O que é que temos no Brasil? A quantidade de filmes, peças, produções musicais de alta qualidade são tão insignificantes em comparação ao tamanho do país, da população, da diversidade cultural. O que é, então, que distrai o brasileiro? Com o que ele se ocupa para ignorar a manipulação imposta? Com o trabalho.
Trabalhamos demais para somente sobreviver. É um regime escravo. Trabalhamos, comemos, temos uma casa para dormir, fazemos a nossa dose de lavagem cerebral com a mídia e começamos tudo de novo. Fora as senzalas e as chibatadas é quase como um regime escravo, só que em condições satisfatórias o suficiente para que não reclamemos.
O investimento na educação é imprescindível. A minoria da população, que teve acesso a uma educação de qualidade, passa a exigir melhor qualidade e acaba tendo que importar cultura, assistindo filmes e programas e ouvindo música estrangeiros. Isso destrói a vasta cultura nacional, tão rica, tão vasta, porém tão esquecida, fraquinha que está. Sem educação de qualidade, um país não consegue manter sua identidade cultural, ainda que a ordem seja mantida.
Se você não se importa em ser controlado, ao menos peça algo melhor em troca.