Não encontrei mais ninguém para compartilhar meu pesar em relação ao fechamento da Borders,segunda maior rede de livrarias dos Estados Unidos. Poucos se importaram com a notícia aqui no Brasil, como mais um dos resultados da crise econômica norte-americana. Mas será mesmo somente a crise a causa do fechamento das quase 400 lojas remanescentes? O descaso do governo e de investidores ao pedido de socorro da empresa, em conjunto com a rápida difusão dos e-readers revela outra perspectiva da situação: os americanos se importam cada vez menos com livros e cada vez mais com tecnologia.
Obviamente que as livrarias seriam afetadas pela tecnologia. Um e-book pode ser comprado por 3 dólares, e e-readers já são distribuídos em muitas das universidades americanas assim que o novo aluno se matricula. Além de toda aquela questão ecológica de que os livros matam árvores, quem quer gastar dinheiro com livros pesados de papel quando se pode comprar um e-book por muito menos? A tecnologia está tão acessível que as aulas de caligrafia estão sendo substituídas das grades curriculares das escolas primárias de 44 dos 50 estados americanos. Considera-se mais importante que os jovens saibam usar um teclado desde cedo, do que ser capaz de escrever com uma letra legível.
O que me assusta nessa história toda, é a dependência das pessoas na tecnologia. Em alguns anos, para se parar uma nação, basta atacar a internet, jogar um vírus no sistema ou cortar suas fontes de energia elétrica. Imagine que, se seu computador parar de funcionar, você não consegue trabalhar, se comunicar ou se informar do que está acontecendo. Sim, eu sei que isso já acontece, eu mesma me sinto sozinha quando não tenho conexão na internet, mas o fato é que ainda fazemos uso – apesar de em cada vez menor escala – de tecnologias mais simples, como as redes telefônicas, mapas impressos, radiofonia, fogões a gás etc. Quando a energia elétrica cai, eu ainda consigo cozinhar, usar o telefone e, pasmem, me entreter. Sim, uma vela basta para que eu possa ler um livro e me entreter no escuro. Quantas pessoas ainda fazem isso?
Talvez seja uma boa hora para começar a colecionar livros e imaginar que, na pior das hipóteses, estarei rica em informação e conhecimento. Brinco com meus amigos dizendo que quando todos os seus e-readers falharem, eles virão procurar meus livros. Mas, é como dizem: toda brincadeira tem um fundo de verdade. E eu, no fundo, acredito que, algum dia, a tecnologia nos deixará na mão e teremos que nos relembrar de nossa humanidade.
Interessante, mas não é de se espantar tal dependência dos americanos do norte sobre a tecnologia, já que a ideia motor de tal governo é dependência para com recursos mundanos e nada mais mundano do que a tecnologia. Não estou falando dos conhecimentos que a tecnologia pode transmitir, mas sim o que realmente ela é; consumo. E venhamos e convenhamos, nada mais fácil de manipular do que uma nação, cega, surda, porem nada muda!
Eu falo mais sobre isso no artigo “Manipulação da Mídia”. Mas os Estados Unidos, apesar de serem o exemplo mais claro, não é o único país a viver essa realidade. Todos passam por isso em diferentes graus e formas, o modo como abordamos o assunto é que é importante. O interessante é que enxergamos primeiro o que está lá longe, e por último o que está diante de nossos olhos. Apesar de tudo, os americanos ainda leem mais do que os brasileiros, em porcentagem da população.